terça-feira, outubro 03, 2006
A SOCIEDADE DOS AMIGOS DE PLUTÃO Data de Publicação: 2 de setembro de 2006
Por: Carlos Chagas E-mail: cchagas@brasiliaemdia.com.br
Acaba de ser criada, em Brasília, uma nova ONG, chamada de Sociedade dos Amigos de Plutão (SAP), destinada a protestar contra decisão da União Astronômica Internacional que rebaixou o nono planeta do sistema solar à condição de asteróide. Isso porque, semana passada, reunidos em Praga, 2.500 astrônomos tomaram essa decisão. Agora, somos apenas oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
A sede da Sociedade dos Amigos de Plutão está registrada na Esplanada dos Ministérios, ainda que sem particularizar qual deles. O presidente da entidade é um ex-líder sindical, filiado à CUT e ao PT, amigo íntimo do presidente Lula. O Diário Oficial publicou a liberação de 7,5 milhões de reais para estimular as primeiras ações da nova ONG, que também celebrará convênios de publicidade com a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios. O objetivo é conscientizar a população para o perigo que significa o rebaixamento de Plutão, primeiro passo para a exclusão da Terra.
Estão definidas viagens de comitivas da Sociedade dos Amigos de Plutão pelas principais capitais do mundo, pretendendo entrevistas com presidentes e primeiros-ministros capazes de integrar-se à campanha em defesa do infeliz planeta agora degradado. Programou-se, é claro, retiradas de 20 mil reais semanais para cada um dos 800 diretores da nova ONG, que também receberão cartões de crédito institucionais para enfrentar despesas pessoais de hospedagem, alimentação, vestuário e transportes.
Alguma surpresa? De jeito nenhum. A SAP será apenas mais uma ONG entre as centenas criadas ao longo dos últimos anos, boa parte subsidiada pelo governo, com as mais diversas finalidades: a defesa da floresta amazônica, o estimulo ao programa do primeiro emprego, a exigência de ética nos negócios públicos e, certamente, a que dá proteção aos gatos cegos.
Vale a ressalva: existem ONGs de grande importância, que prestam relevantes serviços à sociedade. No reverso da medalha, porém, ONGs fajutas. Umas financiadas por multinacionais e até por governos estrangeiros, empenhadas em impor interesses estranhos à nossa soberania. Outras, de simples picaretagem. Numa época em que se acendem esperanças para os trabalhos do futuro Congresso, que tal programar uma CPI destinada a investigar a atuação, o funcionamento, as origens, os objetivos e os recursos das Organizações Não Governamentais?
MUITO TEMPO, QUANTO TEMPO?
Declarou o presidente Lula, depois do protocolar auto-elogio à sua administração, ser necessário tempo, muito tempo, para superar os grandes pecados nacionais. Falava a uma platéia de altos empresários, todos interessados na queda de juros, na diminuição da carga fiscal e na retomada do desenvolvimento.
Ficou no ar a dúvida que nos últimos meses domina parte das oposições: uma vez conquistado o segundo mandato, como indicam as pesquisas, Sua Excelência deixará que se desenvolva a proposta do terceiro mandato? Porque existir, ela existe, reforçada pela necessidade de ampla reforma política, no dizer do próprio presidente a única forma de aprimorar as instituições e evitar a corrupção.
Ora, se quatro anos não bastaram, como repetiu o chefe do governo, por isso pretendendo mais quatro, quem ousará dizer que apenas em oito anos o país estará recuperado? No mínimo mais quatro, mesmo assim insuficientes, porque enquanto reinava, José Dirceu falava em vinte anos. O ex-chefe da Casa Civil surgia, até mesmo, como candidato em 2010, mas, cassado e tendo perdido seus direitos políticos, deixou imenso vazio nos quadros do PT. Quem poderá disputar a presidência da República depois de terminado o segundo mandato do presidente Lula? Só mesmo o próprio...
É preciso tomar cuidado. Os índices de aprovação do governo Lula jamais estiveram tão altos. Estão em 55%. É verdade que José Sarney chegou aos 84%, logo depois do Plano Cruzado, como também certo que Itamar Franco, ao deixar o poder, detinha 83%. Como naquela época inexistia a reeleição, e nem o então presidente admitiu promovê-la, o processo político continuou fluindo normalmente. Agora, acende-se a luz amarela no semáforo das instituições. Nota do blog: Não é para ficar pluto da vida ?
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